As cidades europeias estão a assimilar o desafio da década
apostando em políticas “verdes” que harmonizem o direito ao crescimento com o
desenvolvimento, numa simbiose que nem sempre coincidiu com a vontade política
ou os interesses económicos conjunturais. A opinião e a força dos cidadãos
conseguiu inverter a tendência suicida ainda que se mantenha ativa a
resistência quanto ao ritmo com que se deve marcar a aplicação de políticas
amigas do Ambiente. Os exemplos são muitos e em Portugal é claro o esforço
assumido por muitos municípios. Guimarães na sua dimensão de cidade pretende
dar visibilidade ao seu esforço, candidatando-se a capital verde europeia, ao
mesmo tempo que metrópoles como Lisboa procuram cobrir de verde os cancros da
mobilidade.
Quer um, quer outro caso caminham, espera-se, para tornarem as cidades biofílicas. O conceito foi utilizado pela primeira vez pela Universidade de Harvard para definir o que classifica “como o grau em que seres humanos estão conectados com a natureza e com outras formas de vida”.
Quer um, quer outro caso caminham, espera-se, para tornarem as cidades biofílicas. O conceito foi utilizado pela primeira vez pela Universidade de Harvard para definir o que classifica “como o grau em que seres humanos estão conectados com a natureza e com outras formas de vida”.
Este envolvimento é aparentemente mais complexo e exigente
do que se pode esperar. No seu livro “BiophilicCities: Integrating Nature into
Urban Design and Planning”, Timothy
Beatley”, aplica o conceito às “cidades que apresentam um desenho urbano que
permite aos habitantes desenvolverem atividades e um estilo de vida que os
deixa aprender com a natureza e comprometer-se com o seu cuidado”.
Em causa estão sete características: a natureza abundante
nas proximidades das cidades com grande número de habitantes e a capacidade de
criarem programas públicos de infraestruturas de cidades verdes: As cidades de
Nova York e de Seattle já se autodenominam biofílicas por terem áreas verdes a
10 minutos de caminhada de casa ou um jardim comunitário. A afinidade entre
cidadãos, flora e fauna constitui uma segunda premissa. Os exemplos vêm de
Wellington, Nova Zelândia onde sessenta grupos comunitários prestam serviço em
reservas naturais. Em Oslo, na Noruega, mais de 80 por cento dos cidadãos
visitaram os bosques que rodeiam a cidade. A terceira característica envolve as
oportunidades que cada um tem para estar ao ar livre. Em Singapura,
conetaram-se os caminhos que permitem o acesso aos espaços verdes de modo a
facilitar o acesso. Uma visão que nos projeta para uma outra dimensão das
cidades biofílicas: os ambientes
multissensoriais. A capital norueguesa investiu na iluminação dos seus oito
rios, permitindo aos cidadãos utilizar caminhos com 14 áreas de silêncio.
No capítulo da Educação, há que
aprender com a cidade de Limerick, na Irlanda, ainda que em Portugal, cidades
como Braga tenham investido em quintas pedagógicas. Lá, os grupos
ambientalistas sensibilizam a população para as questões ambientalistas com
caminhadas guiadas, conferências e programas online. Em Portland, Oregon ou em
Singapura já estão no terreno programas de investimento em infraestruturas de
carater social que permitem investir num projeto biofílico por ano. Dedicam
cerca de 5 por cento do seu orçamento para construir centros de vida silvestre,
museus de história natural e financiar iniciativas escolares. Por último, estas
cidades são proactivas na conservação da natureza, avaliam a sua pegada
ecológica e os impactos negativos sobre o ambiente, traçam planos de ação para
proteger a biodiversidade. Há dois exemplos em destaque: Nagoya, Japão onde 10
por cento dos terrenos à volta dos limites urbanos ficam virgens para que
possam ser assumidos como reserva natural e o caso de Vitória-Gasteiz, no País
Basco onde foi construído um cinturão verde para limitar o crescimento da
cidade. Exemplos não faltam nesta versão de Beatley que podem e devem ser
imitados. Estas características correspondem ao que foi idealizado por Edward
Osborne Wilson, cujo livro foi publicado em 1984 sobre a tendência natural da
relação dos seres humanos com as coisas vivas. Por cá já estivemos mais longe
de podemos assumir a Biofilia como parte das expensas de cada um em particular
e da sociedade em geral. Urge valorizar o seu significado para que em cada
cidade se faça luz em nome das Natureza.
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