As expectativas estão altas
quanto à concretização e consequências da estratégia de desenvolvimento e
crescimento das cidades que se desenhou para o atual quadro comunitário. Seja
na política energética, seja na mobilidade e transportes, seja na saúde ou na
educação, incluindo a da governação, os holofotes estão neste momento virados
para o que se está a fazer, como se vai fazer no futuro e para um balanço do
que já foi feito. O leitor poderá sentir-se órfão quanto aos hábitos
obreiristas que dava por adquiridos, mas excetuando as zonas urbanas do
interior do país onde ainda há muita empreitada para pôr de pé, não pode
esperar que esse investimento seja uniforme. É claro que a principal aposta
deve incidir sobre a inovação económica e social, só possível com a garantia de
otimização dos recursos e a criação de políticas que acrescentam valor às
pessoas. O nosso país é uma amálgama de incongruências, de disparidades e de
desigualdades. É natural, por isso, que haja alguma descrença quanto às
oportunidades. Se a classe política for capaz de se unir, em consenso, como
penso que o vai conseguir, em torno de uma estratégia de desenvolvimento urbano
(são muitas as iniciativas em curso com esse objetivo), é possível atingir
metas que personificam a gestão inteligente dos recursos associada à melhoria
da qualidade de vida. Para o leitor perceber como isto é importante, importa
conhecer o que se vai fazendo além-fronteiras. O prestigiado Council Associate
Partner IDC, diz-nos como. Se em 2013,
as preocupações em cidades de vinte países estudados centravam-se na energia,
nos transportes e na segurança das pessoas,2014 e 2015 conheceram mudanças
substanciais com o desenvolvimento de instrumentos de gestão standards,
permitindo a comparação entre indicadores. O que se desenha para 2016 parece
ser, no essencial, a continuidade destas políticas, mas com uma diferença: este
é um ano em que se está a procurar reunir financiamento e documentação técnica
e cimentar diretrizes para o estabelecimento de negócios em 2017 em torno do
conceito de cidades inteligentes. O americano Doug Peeples, especialista em
tecnologia e energia, prevê que nos próximos três anos, as cidades grandes e
médias, terão estabelecido o seu roteiro a partir de modelos maduros e do
estudo das melhores práticas. No topo das preocupações, o crescimento económico
e a habitabilidade a que acrescentem em 90 por cento dos casos, o esforço para
reduzir as assimetrias económicas, aumentar a industria local e a qualificação
das pessoas. Doug prenuncia uma intervenção que levará à criação de centros de
investigação policial em tempo real e a interpretação e utilização de meta
dados de forma rápida e efetiva. Outro dos desafios que começa a preocupar o
poder político, e que se espera seja sujeito a regras ainda este ano, é a
definição de regras de utilização pública e privada de drones, sensores e
outros dispositivos. Esta supervisão obrigará as cidades a definirem políticas
de gestão de risco com preocupação especial na comunicação de dados e no
investimento que se desenha em torno da Internet das Coisas. Ao mesmo tempo, a
indústria automóvel prepara-se para introduzir no mercado veículos sem
condutor, sendo expectável que tal aconteça a partir de 2018. Surpreendente é a
tendência para que os sistemas de gestão inteligentes nas nossas casas e os
sistemas de comunicação da governação local estabeleçam relações que permitam
trocar lembretes, e gerir de forma eficiente o consumo energético e a
utilização da água. As premissas para esta conetividade entre cidadãos e governança,
pode parecer uma miragem para muitos leitores, mas acredite que está mais perto
do que pensa. Não será demais dizer que o futuro começa hoje. Falta saber
quando chegará a vez das cidades portuguesas.
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