segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O que vem aí







As expectativas estão altas quanto à concretização e consequências da estratégia de desenvolvimento e crescimento das cidades que se desenhou para o atual quadro comunitário. Seja na política energética, seja na mobilidade e transportes, seja na saúde ou na educação, incluindo a da governação, os holofotes estão neste momento virados para o que se está a fazer, como se vai fazer no futuro e para um balanço do que já foi feito. O leitor poderá sentir-se órfão quanto aos hábitos obreiristas que dava por adquiridos, mas excetuando as zonas urbanas do interior do país onde ainda há muita empreitada para pôr de pé, não pode esperar que esse investimento seja uniforme. É claro que a principal aposta deve incidir sobre a inovação económica e social, só possível com a garantia de otimização dos recursos e a criação de políticas que acrescentam valor às pessoas. O nosso país é uma amálgama de incongruências, de disparidades e de desigualdades. É natural, por isso, que haja alguma descrença quanto às oportunidades. Se a classe política for capaz de se unir, em consenso, como penso que o vai conseguir, em torno de uma estratégia de desenvolvimento urbano (são muitas as iniciativas em curso com esse objetivo), é possível atingir metas que personificam a gestão inteligente dos recursos associada à melhoria da qualidade de vida. Para o leitor perceber como isto é importante, importa conhecer o que se vai fazendo além-fronteiras. O prestigiado Council Associate Partner IDC, diz-nos como.  Se em 2013, as preocupações em cidades de vinte países estudados centravam-se na energia, nos transportes e na segurança das pessoas,2014 e 2015 conheceram mudanças substanciais com o desenvolvimento de instrumentos de gestão standards, permitindo a comparação entre indicadores. O que se desenha para 2016 parece ser, no essencial, a continuidade destas políticas, mas com uma diferença: este é um ano em que se está a procurar reunir financiamento e documentação técnica e cimentar diretrizes para o estabelecimento de negócios em 2017 em torno do conceito de cidades inteligentes. O americano Doug Peeples, especialista em tecnologia e energia, prevê que nos próximos três anos, as cidades grandes e médias, terão estabelecido o seu roteiro a partir de modelos maduros e do estudo das melhores práticas. No topo das preocupações, o crescimento económico e a habitabilidade a que acrescentem em 90 por cento dos casos, o esforço para reduzir as assimetrias económicas, aumentar a industria local e a qualificação das pessoas. Doug prenuncia uma intervenção que levará à criação de centros de investigação policial em tempo real e a interpretação e utilização de meta dados de forma rápida e efetiva. Outro dos desafios que começa a preocupar o poder político, e que se espera seja sujeito a regras ainda este ano, é a definição de regras de utilização pública e privada de drones, sensores e outros dispositivos. Esta supervisão obrigará as cidades a definirem políticas de gestão de risco com preocupação especial na comunicação de dados e no investimento que se desenha em torno da Internet das Coisas. Ao mesmo tempo, a indústria automóvel prepara-se para introduzir no mercado veículos sem condutor, sendo expectável que tal aconteça a partir de 2018. Surpreendente é a tendência para que os sistemas de gestão inteligentes nas nossas casas e os sistemas de comunicação da governação local estabeleçam relações que permitam trocar lembretes, e gerir de forma eficiente o consumo energético e a utilização da água. As premissas para esta conetividade entre cidadãos e governança, pode parecer uma miragem para muitos leitores, mas acredite que está mais perto do que pensa. Não será demais dizer que o futuro começa hoje. Falta saber quando chegará a vez das cidades portuguesas. 

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