Estas duas frases
enquadram aquilo que deve ser a vontade política por detrás da participação dos
cidadãos na gestão da coisa pública. Trinta anos depois das primeiras
experiências, inúmera literatura permite fazer um balanço positivo dos
orçamentos participativos. Em Portugal, há já excelentes experiências como a de
Cascais que tem sido um exemplo destacado em muitos fóruns mundiais. O impacto
do modelo seguido é tão bom, que o responsável pela campanha de Obama, Lex
Paulson, não teve dúvidas em afirmar quer “Nova Iorque tem muito a aprender com
Cascais” (Observador, 11 Jul).
E nós por cá?- Hoje é o último dia para a apresentação das candidaturas ao orçamento participativo da Câmara de Braga e, fazendo jus às declarações do seu coordenador, Eduardo Jorge Madureira, parece haver uma descida do número de participantes. O balanço será feito seguramente na semana que agora se inicia. Seja qual for o resultado, há uma conclusão que deve ser tirada: realizar orçamentos participativos é importante, deve ser considerado um modelo de permanente flexibilidade, ajustando-se às necessidades e características dos cidadãos e se for necessário alterar a sua estrutura, o que pressupõe repensar a forma de comunicar e trabalhar com os cidadãos. Falta, do meu ponto de vista, uma política de comunicação e marketing que anuncie o estado dos projetos apoiados na edição anterior, uma avaliação crítica à sua qualidade e uma motivação extra junto dos cidadãos. No caso de Cascais, essa motivação adveio da possibilidade de os participantes passarem a ter acesso a dois votos: um para votar a favor, outro contra. Com exceção de Paris, Cascais tem o segundo Orçamento mais participativo da Europa, sendo considerado o melhor modelo europeu, nas palavras de Paulson, que é também professor de Filosofia na capital francesa e um dos fundadores do movimento Democracia 2.1, a par do matemático checo, Karel Janecek, criado para ajudar a transformar o processo de decisões, a partir da simples ideia de conferir aos cidadãos o direito a terem mais do que um voto na escolha dos eleitos. O exemplo da cidade portuguesa chegou a Paulson quando este estava no Banco Mundial, em Washington D.C. a partir do contacto com um dos maiores especialistas na área, o professor da Universidade de Coimbra, Giovanni Allegretti.
E nós por cá?- Hoje é o último dia para a apresentação das candidaturas ao orçamento participativo da Câmara de Braga e, fazendo jus às declarações do seu coordenador, Eduardo Jorge Madureira, parece haver uma descida do número de participantes. O balanço será feito seguramente na semana que agora se inicia. Seja qual for o resultado, há uma conclusão que deve ser tirada: realizar orçamentos participativos é importante, deve ser considerado um modelo de permanente flexibilidade, ajustando-se às necessidades e características dos cidadãos e se for necessário alterar a sua estrutura, o que pressupõe repensar a forma de comunicar e trabalhar com os cidadãos. Falta, do meu ponto de vista, uma política de comunicação e marketing que anuncie o estado dos projetos apoiados na edição anterior, uma avaliação crítica à sua qualidade e uma motivação extra junto dos cidadãos. No caso de Cascais, essa motivação adveio da possibilidade de os participantes passarem a ter acesso a dois votos: um para votar a favor, outro contra. Com exceção de Paris, Cascais tem o segundo Orçamento mais participativo da Europa, sendo considerado o melhor modelo europeu, nas palavras de Paulson, que é também professor de Filosofia na capital francesa e um dos fundadores do movimento Democracia 2.1, a par do matemático checo, Karel Janecek, criado para ajudar a transformar o processo de decisões, a partir da simples ideia de conferir aos cidadãos o direito a terem mais do que um voto na escolha dos eleitos. O exemplo da cidade portuguesa chegou a Paulson quando este estava no Banco Mundial, em Washington D.C. a partir do contacto com um dos maiores especialistas na área, o professor da Universidade de Coimbra, Giovanni Allegretti.
A credibilidade do
processo de Cascais advém da elevada execução dos projetos em sucessivos anos,
enraizando na cabeça dos cidadãos de que vale apena participar não só com
projetos como com o voto. Para se
perceber do que estamos a falar, em
2014, registaram-se 41 mil e 005 votos que permitiram escolher uma dezena de
projetos. Comparada a dimensão desta participação, Lisboa só teve cinco mil
votos. Sabendo que a apetência dos portugueses pela ida às urnas é muito baixa
de forma geral (nas últimas autárquicas apenas 37.99% da população de Cascais
votou enquanto em Braga a fasquia subiu para os 58.99%), a motivação tem de ser
outra. Em cascais, as assembleias chegam a ter 300 pessoas. Quando, pelo
contrário, vemos salas com escassas dezenas ou nem isso, ou se assiste a
tentativas de manipulação dos resultados como aconteceu em Guimarães, percebe-se
que há um trabalho de base que passa pela Educação para a Democracia. E esse
trabalho pertence aos eleitos, pertence à comunicação social, às escolas e
universidades, pertence-nos a todos nós. Não há outra forma de consolidar a
participação cívica do que realizar uma política transparente, de permanente
informação, mas também de abertura à colaboração dos governos locais com os
cidadãos de que aqui já falei. Perceber e pôr em marcha uma política faz parte
da gestão inteligente das cidades. Não foi por acaso que a Democracia nasceu no
berço da governação das cidades. E pode, segundo Paulson, ser replicada a nível
nacional. Basta ver o que está a ser feito no estado brasileiro de Rio Grande
Sul e nas províncias chinesas.
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