O que o Relatório da consultora
demonstra é, desde logo, duas coisas: o impacto global da Internet das Coisas
em 2025 será de 11.1 triliões de dólares em nove áreas, uma das quais é a das
cidades que poderá atingir 10 por cento daquele valor; a outra é a de que estamos
muito longe de otimizar o seu uso(1 por cento)- conclusão obtida a partir da
análise de 150 casos Por outro lado, o retrato refere que há demasiado foco na
indústria quando o potencial económico deve ser olhado de forma transversal,
sobretudo para um conjunto de nove áreas: casa, área do retalho, escritórios,
locais de trabalho, veículos, pessoas (saúde e bem estar), logística, navegação
e cidades.
O relatório coloca o foco na
necessidade de não esquecer o B2B-comunicação entre as partes interessadas que
pode potenciar a resolução de problemas e o facto de se estar a ignorar a
interoperabilidade. Neste capítulo, importa reter uma conclusão que é deveras
importante: não se pode pensar na interoperabilidade como uma nova forma de
sinergia para aumentar o todo sem aumentar
a soma das partes, subestimando o impacto no desenvolvimento económico. Uma
sinergia bem feita pode valer 40 por cento do valor económico que se estaria a
obter da habilidade do uso de dispositivos físicos. Mas mais do que isso; a
McKinsey considera que não estamos a estimar o impacto no desenvolvimento
económico dos países. Por último, a IOL pode ajudar a criar novas áreas de
negócio. Duas semanas depois da publicação deste Relatório, o The Wall Street
Journal publicava um extenso artigo sob
título “Smart Cities-Will Know Everything about you”- «Cidades
Inteligentes- Sabemos tudo acerca de si»; um texto em que se identificam os
perigos evocados no texto que escrevi aqui nestas páginas intitulado “A Verdade
Inconveniente” que pode ler no blog. Mais do que as vantagens e/ou os perigos
abordados de forma genérica, o que parece também estar em causa, reside no
próprio conceito da Internet das Coisas e o que isso significa nas mãos de
alguém sem ética: a possibilidade de os dados recolhidos serem utilizados
(vendidos ou corrompidos) a mando de empresas sem escrúpulos que os põem à
venda no mercado das necessidades, é uma ameaça séria que exige uma Gestão de
Risco para a qual poucos estão preparados. O potencial de utilização da Informação
Tecnológica (IT) e da Operação Tecnológica (OT) esteve, aliás em discussão esta
sexta-feira (dia 24), no decurso de um seminário online orientado por Shelly
Dutton. A autora de um texto sobre como
operacionalizar a Internet das Coisas, lembrava os quatro aspetos essenciais
para potenciar o uso da IOT: tomada de decisão bem pensada e fundamentada;
controlo seguro dos sistemas de dados; fiabilidade na governação e otimização
dos recursos humanos e tecnológicos com o objetivo de criar valor acrescentado.
Entre pecados e virtudes, a
Internet das Coisas está envolvida noutra polémica: o seu conceito é varável
tal como a sua dimensão e objeto, a ponto de começar a ficar claro que há uma
tentativa de apropriação da gestão, infletindo o conceito ora para um lado, ora
para o outro. Para se perceber melhor, basta atentar aos recentes conceitos que
a Internet das Coisas potenciou: a
Internet das Coisas Normais; de Todas as Coisas; da Energia das Coisas; das
Pessoas e por fim a Variedade das Coisas. Uma panóplia de conceitos que ajudam a
perceber porque é que na Conferência sobre
Inovação nas Cidades, realizada recentemente em Nice, França muitos se
questionaram se não se está a caminhar para o fim do conceito de cidades
inteligentes, tal é a promiscuidade e a insegurança que estão a marcar o
quotidiano das Coisas.
Sem comentários:
Enviar um comentário