Hoje é o dia 1no regresso ao trabalho. Voltámos às notícias e ao dia-a-dia das cidades e das pessoas, Ao contrário do que possa pensar, Agosto não é sinal de STOP nem de paragem na reflexão que quotidianamente é feita nos diversos pontos do globo.
A minha última reflexão, publicada, como sempre, no Jornal Diário do Minho, no passado domingo, debruça-se sobre Corrupção e transparência- e a dificuldade para ultrapassar as dificuldades que credibilizem quem governa.
Um Passo de Gigante
No imaginário político da minha
geração, a transparência apareceu sempre como uma oportunidade de
fortalecimento da Democracia e uma inevitabilidade para o exercício responsável
da Liberdade em contexto da gestão público e/ou privada dos bens próprios e alheios e da ação pessoal direta sobre o
seu destino.
Este é um dos temas pelos quais a
sociedade civil clama e com razão e que tem sofrido avanços e recuos ao longo
dos 40 anos de Democracia e que exige, à semelhança do que ocorre um pouco por
toda a Europa, uma ação concertada entre a exigência cidadã e os diversos
poderes sejam eles de ordem política, económica e social.
Algumas práticas associadas à
gestão dos concursos públicos de compras e aquisições instituidas a nivel
europeu (ver o site Innovation Procurement European Commission) são um bom
indicador e basta conhecer a Plataforma europeia associada a este tema para
perceber que há boas praticas que se tem espalhado pela Europa. Em Portugal
foram dados alguns passos nesse sentido, mas subsistem falhas, sobretudo ao
nível da aplicação pratica de muitas das orientações da União Europeia e das
próprias instituições internas . O que se
passa no Parlamento em torno da discussão sobre a materialização do crime por
enriquecimento ilícito é, igualmente, um bom exemplo da dificuldade de
encontrar uma base transparente em que possam figurar, em simultâneo, o direito
à presunção de inocência reclamado recentemente pelo Tribunal Constitucional, e
o direito da sociedade de se defender dos que utilizam esse argumento para
ganharem o que não devem. É, igualmente, confrangedor o que se passa com os
planos de prevenção de riscos de corrupção estendidos a todo o sector público
(organismos e sector empresarial), sem caráter obrigatório. Um recente balanço do
Conselho de Prevenção da Corrupção a cinco anos de implementação daquele
instrumento, revela que subsistem enormes fragilidades, a começar pelo facto de
muitas destas entidades ainda não terem apresentado o seu plano; outras
demonstraram fragilidades na sua execução e em algumas foi clara a falha na
monitorização ou seja no capítulo da auditoria interna.
Mas não se pense que isto é
revelador de caos. Não me parece de
todo. No setor da Justiça, há uma
perceção de que, outrora, fontes de corrupção intocáveis, são agora sujeitas ao
escrutínio do Direito e do exercício penal em concreto, à semelhança do comum
dos cidadãos. E é claro, também que se vão cozinhando a nível fiscal, armas de
controlo mais eficazes e duradouras, sendo hoje, visível, uma maior
sensibilidade dos cidadãos para a criação de um sentimento coletivo de recusa à
fuga aos impostos. A nível local, percebe-se melhor o alcance desta realidade.
Seja ao nível da cobrança, onde os níveis de eficiência e eficácia são já uma
referência, ao contrário do que se passa a nível estadual, seja ao nível da inversão de uma cultura pró-corrupção e
anti-transparente, há hoje uma tendência acentuada para o exercício de uma nova
cultura de gestão responsável e transparente. O caso de Braga, com a criação de
uma plataforma para o investimento empresarial, é um exemplo.
O que se está a disponibilizar é informação que passa a ser facultada sem
interferências nem intermediários. O alcance desta medida vai para além de um
alojamento net onde está alcançável informação. Trata-se de um dos principais alicerces do conceito pratico do que se
pretende com a Comunicação: a perceção de cada cidadão que é parte integrante
da sociedade onde vive e que é incluído no controlo activo de tudo o que
acontece. O desenho de um destino com riscos diminutos de corrupção e uma política de transparência e de comunicação activa vai exigir um novo modelo de
governação capaz de assimilar os novos
conceitos em torno da gestão avançada alicerçada em critérios internacionais.
Trata-se de ultrapassar a visão local e nacional, para alcançar um nível
superior na capacidade da gestão do valor acrescentado das cidades e das
pessoas. Fazê-lo está ao alcance do substantivo feminino Vontade, o que
implica adotar práticas pouco comuns à
nossa realidade. Este é um desafio que não tem fim, mas que se espera possa
vir a ter um principio em breve.
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