segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Um tempo Novo






Este é um momento de balanço no calendário ocidental que nos mobiliza a todos para perceber o que foi feito, o que ficou por fazer – um tempo em que se cruzam expectativas com promessas. Um Tempo de reflexão e simultaneamente de exigência. As marcas que cada um deixou são distintivas sinalizando, em simultâneo, a concretização e a frustração. As cidades são um exemplo vivo deste permanente alvoroço que nos atinge, particularmente pelo seu crescente papel que as coloca ao nível do conceito de Estado.
O reconhecimento internacional e de forma transversal assumido pelas principais instâncias e organismos públicos e entidades privadas, acrescentaram às cidades o papel estratégico de assumirem a liderança no combate as alterações climatéricas, à promoção do crescimento e do desenvolvimento económico, à adoção de políticas sustentáveis, associadas ao uso de transportes limpos, à mobilidade, à reabilitação do património e do parque habitacional, ao restabelecimento do equilíbrio entre a paisagem urbana e humana  e os cursos naturais, tornando-os compatíveis. É também o tempo das pessoas -fator primordial, essência das políticas. A inclusão, a sustentabilidade económica baseada no equilíbrio entre a oferta e a procura, a inovação tecnológica, a cultura, a cidadania musculada[SS1]  em permanente desafio – tomaram conta do dia-a-dia do discurso, ainda que a clarividência seja mais notória em centros urbanos com capacidade de gestão instalada. Esta é, alias, uma questão fundamental para o futuro das cidades, para as quais se exige a consolidação e o aparecimento de uma nova geração de autarcas, capazes de assumirem as rédeas de um tempo novo. Em Portugal, como ocorre um pouco por toda a Europa, para não falar dos restantes continentes, há um novo paradigma que aposta na qualidade de vida, ousando assumir a Felicidade como objetivo. Esquecer ou procurar diminuir a importância que tem hoje o modelo de governação viva das cidades, é não perceber o Tempo Novo, menos obreirista, mais ousador de novas políticas nas áreas das Educação, Saúde, Cultura e Inovação tecnológica ao serviço das pessoas. É, igualmente, o momento apropriado para injetar na sociedade novos conceitos de economia, novas capacidades intergeracionais e uma visão integrada do valor de cada um e da cidade como um todo. O zénite desta estratégia   está na capacidade de unir esforços, sinergias, políticas públicas e expectativas privadas, capacitando a cidade para desenvolver o modelo saudável de competitividade que tem sido assumido um pouco por todo o Mundo. O modelo pressupõe,igualmente, a assunção de dois novos conceitos de Economia: A economia circular e a economia partilhada(ex.Uber). a primeira respeita de forma exemplar a sustentabilidade ambiental e social, e representa o virar da página na visão mesquinha, localizada e consumista determinante para o aparecimento dos problemas que afetam o Habitat humano. Baseia-se no princípio da economia sustentável que aproveita o seu ciclo de vida, a segunda é um desafio que poucos ousaram pôr em prática: partilhar custos, otimizar recursos, acrescentar valor às ações, a partir da iniciativa privada, fugindo à lógica regulamentar. É o desafio de um tempo onde se pede uma visão integrada e partilhada entre interesses aos municípios. Os últimos dados conhecidos, projetados pela consultora PricewaterhouseCoopers, apontam para que em 10 anos, seja expectável que gere 335 biliões de dólares em todo o mundo, contra os atuais 15 biliões. A questão é saber se o poder local está preparado para assumir o seu papel e beneficiar da economia partilhada. Tod Newcombe, editor senior do Public CIO, coloca a tónica na necessidade de os gestores urbanos agilizarem os processos de contratação e de compra de serviços, beneficiando assim da redução de custos e da otimização de recursos. Os desatentos podem pensar que esta nova Economia não os afeta e podem ser indiferentes. É um engano que terá um preço bem alto para quem acha que este tipo de Economia é e/ou será mais virtual do que real.


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