Este é um momento de balanço no calendário ocidental que nos
mobiliza a todos para perceber o que foi feito, o que ficou por fazer – um
tempo em que se cruzam expectativas com promessas. Um Tempo de reflexão e
simultaneamente de exigência. As marcas que cada um deixou são distintivas
sinalizando, em simultâneo, a concretização e a frustração. As cidades são um
exemplo vivo deste permanente alvoroço que nos atinge, particularmente pelo seu
crescente papel que as coloca ao nível do conceito de Estado.
O reconhecimento internacional e de forma transversal
assumido pelas principais instâncias e organismos públicos e entidades
privadas, acrescentaram às cidades o papel estratégico de assumirem a liderança
no combate as alterações climatéricas, à promoção do crescimento e do
desenvolvimento económico, à adoção de políticas sustentáveis, associadas ao
uso de transportes limpos, à mobilidade, à reabilitação do património e do
parque habitacional, ao restabelecimento do equilíbrio entre a paisagem urbana
e humana e os cursos naturais,
tornando-os compatíveis. É também o tempo das pessoas -fator primordial,
essência das políticas. A inclusão, a sustentabilidade económica baseada no
equilíbrio entre a oferta e a procura, a inovação tecnológica, a cultura, a
cidadania musculada[SS1]
em permanente desafio – tomaram conta do dia-a-dia do discurso, ainda que a
clarividência seja mais notória em centros urbanos com capacidade de gestão
instalada. Esta é, alias, uma questão fundamental para o futuro das cidades,
para as quais se exige a consolidação e o aparecimento de uma nova geração de
autarcas, capazes de assumirem as rédeas de um tempo novo. Em Portugal, como
ocorre um pouco por toda a Europa, para não falar dos restantes continentes, há
um novo paradigma que aposta na qualidade de vida, ousando assumir a Felicidade
como objetivo. Esquecer ou procurar diminuir a importância que tem hoje o
modelo de governação viva das cidades, é não perceber o Tempo Novo, menos
obreirista, mais ousador de novas políticas nas áreas das Educação, Saúde,
Cultura e Inovação tecnológica ao serviço das pessoas. É, igualmente, o momento
apropriado para injetar na sociedade novos conceitos de economia, novas
capacidades intergeracionais e uma visão integrada do valor de cada um e da
cidade como um todo. O zénite desta estratégia
está na capacidade de unir esforços, sinergias, políticas públicas e
expectativas privadas, capacitando a cidade para desenvolver o modelo saudável
de competitividade que tem sido assumido um pouco por todo o Mundo. O modelo pressupõe,igualmente,
a assunção de dois novos conceitos de Economia: A economia circular e a
economia partilhada(ex.Uber). a primeira respeita de forma exemplar a
sustentabilidade ambiental e social, e representa o virar da página na visão
mesquinha, localizada e consumista determinante para o aparecimento dos
problemas que afetam o Habitat humano. Baseia-se no princípio da economia
sustentável que aproveita o seu ciclo de vida, a segunda é um desafio que
poucos ousaram pôr em prática: partilhar custos, otimizar recursos, acrescentar
valor às ações, a partir da iniciativa privada, fugindo à lógica regulamentar.
É o desafio de um tempo onde se pede uma visão integrada e partilhada entre
interesses aos municípios. Os últimos dados conhecidos, projetados pela consultora
PricewaterhouseCoopers, apontam para que em 10 anos, seja expectável que gere
335 biliões de dólares em todo o mundo, contra os atuais 15 biliões. A questão
é saber se o poder local está preparado para assumir o seu papel e beneficiar
da economia partilhada. Tod Newcombe, editor senior do Public CIO, coloca a
tónica na necessidade de os gestores urbanos agilizarem os processos de
contratação e de compra de serviços, beneficiando assim da redução de custos e
da otimização de recursos. Os desatentos podem pensar que esta nova Economia
não os afeta e podem ser indiferentes. É um engano que terá um preço bem alto
para quem acha que este tipo de Economia é e/ou será mais
virtual do que real.
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