quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A geração Millennium e as cidades






As expectativas em torno da nova geração e o que ela representa ou pode representar, através do seu investimento, para a sociedade e para as cidades, estão longe de uma configuração normalizada ou de obedecer a cânones fáceis de interpretar e de alimentar. Contudo, os que nasceram entre a década de 80do século XX  e o ano 2000 estão a construir uma realidade muito própria. Desafiam as estatísticas, o mesmo quer dizer, as probabilidades que damos como certas, estabelecem ritmos e metas distintas e assumem o risco de serem diferentes, desmaterializados e obreiros de uma nova forma de estar com os outros, com as coisas e com o Ambiente que os rodeia.
As estratégias que estão a ser montadas na edificação urbana ainda não foram capazes de interpretar esta tendência de uma geração para quem o ato de investir na hora de escolher um negócio ou uma vida profissional, consubstancia uma nova prática que levou e está a levar ao abandono de certas decisões que tomávamos como certas: comprar casa, carro ou ter um pé-de-meia.
Como escreveu há dias, a jornalista Patrícia Abreu, do Jornal de Negócios, “os millennials” estão a reinventar os objetivos olhando para o investimento de forma distinta. “Viajar, jantar num restaurante bom ou conhecer um sítio novo estão entre as prioridades”. Não querem nada que os torne dependentes e interpretam, digo eu, a mobilidade como fulcral para um novo modo de estar em sociedade. Eles preferem investir numa boa experiência do que em bens materiais explica Sarbjit Nahal, responsável pelo investimento temático do Bank of America. A maioria da geração (78 por cento), prefere investir no consumo de eventos do que num bem material. São os mesmos que começaram a abraçar novas profissões impercetíveis para a maioria dos cidadãos, mas que estão elencadas pela Cisco. Um dos seus maiores talentos, Jeanne Beliveau-Dunn considera que estamos a enfrentar um choque com a rápida urbanização que arrasta o congestionamento do tráfego, o stress das infraestruturas, as alterações sustentáveis, aumento do crime, poucos recursos e pressão sobre as escolas e universidades. A solução destes problemas está a recair sobre as cidades, a quem cabe a responsabilidade de melhorar a qualidade de vida dos residentes, combinando tecnologia, infraestruturas físicas e serviços. São estas necessidades que estão a abrir portas a um mundo novo da empregabilidade. A diversidade não é tão grande quanto se podia esperar, mas fica a lista de pelo menos 16 áreas altamente especializadas. Apesar de estarem nomeadas em inglês ( à semelhança da publicidade em muitos órgãos  de comunicação social portugueses, a meu ver mal), decidi manter as referências originais: Robotics specialist, Cyber security analyst, 3DPrint technician, network engineer, Customer makers, Neuro imlant technician, rofessional triber, Digital anthropologist, Plataform developer, Business transformation practioner, Cloud architect, Data scientist e Urban Innovation/Urban mechanics.
Algumas destas profissões não são tão estanhas quanto isso e nas universidades e institutos de formação portugueses começam a aparecer ofertas que vão no mesmo sentido. O Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação já proporciona uma pós-graduação a pensar nas cidades com um plano de estudos onde cabem a computação móvel e ubíqua, a gestão de base de dados, integração e cidadania digital, tecnologias de informação nas cidades e de informação geográfica, negócio e inovação nas cidades, big data e data mining. A panóplia de ofertas e necessidades estão à vista. Há dias, num processo de recrutamento, organizado pela Startup Braga, percebeu-se melhor o mundo novo da empregabilidade: uns procuravam um social media marketeer, outros um fullnstack developer. As opções parecem variáveis e apetecíveis, mas fica a sensação de que há pouca preocupação com o risco, tal é a volatilidade da quarta revolução industrial. Um brinde com sabor amargo que merece um maior controle dos riscos por parte da geração teck. Este será, a meu ver, um dos maiores desafios da nova empregabilidade.

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