As expectativas em torno da nova
geração e o que ela representa ou pode representar, através do seu
investimento, para a sociedade e para as cidades, estão longe de uma
configuração normalizada ou de obedecer a cânones fáceis de interpretar e de
alimentar. Contudo, os que nasceram entre a década de 80do século XX e o ano 2000 estão a construir uma realidade
muito própria. Desafiam as estatísticas, o mesmo quer dizer, as probabilidades
que damos como certas, estabelecem ritmos e metas distintas e assumem o risco
de serem diferentes, desmaterializados e obreiros de uma nova forma de estar
com os outros, com as coisas e com o Ambiente que os rodeia.
As estratégias que estão a ser
montadas na edificação urbana ainda não foram capazes de interpretar esta
tendência de uma geração para quem o ato de investir na hora de escolher um
negócio ou uma vida profissional, consubstancia uma nova prática que levou e está
a levar ao abandono de certas decisões que tomávamos como certas: comprar casa,
carro ou ter um pé-de-meia.
Como escreveu há dias, a
jornalista Patrícia Abreu, do Jornal de Negócios, “os millennials” estão a
reinventar os objetivos olhando para o investimento de forma distinta. “Viajar,
jantar num restaurante bom ou conhecer um sítio novo estão entre as
prioridades”. Não querem nada que os torne dependentes e interpretam, digo eu,
a mobilidade como fulcral para um novo modo de estar em sociedade. Eles preferem
investir numa boa experiência do que em bens materiais explica Sarbjit Nahal,
responsável pelo investimento temático do Bank of America. A maioria da geração
(78 por cento), prefere investir no consumo de eventos do que num bem material.
São os mesmos que começaram a abraçar novas profissões impercetíveis para a
maioria dos cidadãos, mas que estão elencadas pela Cisco. Um dos seus maiores
talentos, Jeanne Beliveau-Dunn considera que estamos a enfrentar um choque com
a rápida urbanização que arrasta o congestionamento do tráfego, o stress das
infraestruturas, as alterações sustentáveis, aumento do crime, poucos recursos
e pressão sobre as escolas e universidades. A solução destes problemas está a
recair sobre as cidades, a quem cabe a responsabilidade de melhorar a qualidade
de vida dos residentes, combinando tecnologia, infraestruturas físicas e
serviços. São estas necessidades que estão a abrir portas a um mundo novo da
empregabilidade. A diversidade não é tão grande quanto se podia esperar, mas
fica a lista de pelo menos 16 áreas altamente especializadas. Apesar de estarem
nomeadas em inglês ( à semelhança da publicidade em muitos órgãos de comunicação social portugueses, a meu ver
mal), decidi manter as referências originais: Robotics specialist, Cyber
security analyst, 3DPrint technician, network engineer, Customer makers, Neuro
imlant technician, rofessional triber, Digital anthropologist, Plataform
developer, Business transformation practioner, Cloud architect, Data scientist
e Urban Innovation/Urban mechanics.
Algumas destas profissões não são
tão estanhas quanto isso e nas universidades e institutos de formação
portugueses começam a aparecer ofertas que vão no mesmo sentido. O Instituto
Superior de Estatística e Gestão de Informação já proporciona uma pós-graduação
a pensar nas cidades com um plano de estudos onde cabem a computação móvel e
ubíqua, a gestão de base de dados, integração e cidadania digital, tecnologias
de informação nas cidades e de informação geográfica, negócio e inovação nas cidades,
big data e data mining. A panóplia de ofertas e necessidades estão à vista. Há
dias, num processo de recrutamento, organizado pela Startup Braga, percebeu-se
melhor o mundo novo da empregabilidade: uns procuravam um social media
marketeer, outros um fullnstack developer. As opções parecem variáveis e
apetecíveis, mas fica a sensação de que há pouca preocupação com o risco, tal é
a volatilidade da quarta revolução industrial. Um brinde com sabor amargo que
merece um maior controle dos riscos por parte da geração teck. Este será, a meu
ver, um dos maiores desafios da nova empregabilidade.
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