segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Juventude: Orgulho e Desafio das cidades






Há dias felizes e que nos enchem de orgulho. Ver uma cidade ser nomeada exemplo para o Mundo nas políticas de Juventude não é um acontecimento de vão de escada e como tal deve ser encarado com seriedade e sem rejubilo a mais, mas deve-o ser. Portugal tem sido exemplo em muitas áreas e as suas cidades e vilas aparecem a cada passo nos escaparates com modelos e práticas de governação que merecem a exaltação lá fora e infelizmente a indiferença cá dentro, o que revela o paradoxo do modo de ser português.
As palavras proferidas anteontem na abertura da programação de Braga como capital Ibero Americana da Juventude foram todas conduzidas para o Orgulho. Não faz mal se a dose não for exagerada. Os motivos para o continuarmos a ter, dependerá do que acontecer no futuro próximo, de uma avaliação com rigor da maturidade da cidade para aliar a assunção de ser um exemplo com a prática e os resultados das suas políticas.
O longo caminho que Braga percorreu nas últimas décadas ficou sempre marcado por algo que tornou a cidade um exemplo: a sua capacidade de atratividade com preços baixos de habitação, uma universidade nova sem pó na linha condutora da modernização do ensino superior, uma capacidade tecnológica instalada não aproveitada, mas potencialmente disponível para se tornar uma referência, infraestruturas de primeira e segunda geração disponíveis e uma natalidade superior à média nacional consequência, em parte, da manutenção do fio condutor da sociedade que é a família e da sua estrutura intergeracional.
É claro que por si só as condições referidas aliadas à quebra de tabus estruturantes da sociedade bracarense não respondem a tudo o que aconteceu, mas foram cruciais para que  as décadas de 90 e a primeira deste século, tivessem tido um impulso tridimensional nas políticas de juventude: a aposta na educação, na segurança e conforto, na competitividade económica, aliadas  aos custos e a um ambiente industrial inócuo ou próximo disso.
Na lista de elogios que caracterizaram a sessão de abertura, sobressaíram as preocupações com as políticas nas áreas da mobilidade, empregabilidade e participação cidadã, enquanto fios condutores da ação futura. Diria mais: estancar a saída de licenciados, potenciar a cultura, a industria criativa e tradicional e criar condições objetivas à mobilidade com uma rede eficiente e eficaz, são atributos de uma política de sucesso que é preciso consolidar nuns casos, desenvolver noutros. É claro para todos que os transportes são caros, que as sinergias neste capítulo são ainda incipientes e que há muita pedra no caminho a precisar de políticas arrojadas que não fiquem à espera do exemplo dos outros para avançarem. Acresce que na lista de tarefas da cidade, de todos nós, existem fatores de competitividade de uma sociedade que podem ser minados pela dificuldade de assumirmos um papel ativo na eliminação das debilidades económicas, sociais e culturais. Ser capaz de olhar para o que não está bem em áreas como o abandono escolar ou na dificuldade em ter acesso a um médico de família, são formas inteligentes de manter a competitividade uma cidade como Braga. O desenvolvimento de políticas preditivas de combate à potenciação da marginalidade social e à cristalização da pobreza nas camadas mais frágeis (juventude e idosos), são tarefas da cidade. Podem ter uma dimensão de Estado, mas é isso mesmo que se está a pedir às cidades, o que não é propriamente uma novidade. Como destacou, afinal, a conselheira para a Juventude do Presidente da República, Carla Moura,” mais uma vez, Braga assume um papel de dimensão de Estado no envolvimento dos jovens na cidadania ativa e na promoção de políticas de juventude”. Nada fazer neste capítulo é desistir e ninguém quer que isso aconteça, não fosse já preocupante a perceção negativa da juventude portuguesa sobre o seu futuro coletivo como revela o mais recente inquérito à juventude ibero-americana.

Sem comentários:

Enviar um comentário