Haverá um dia que cada um de nós, portadores
proativos de várias Coisas, ligadas à Internet, terá direito ao seu drone
pessoal, tal como a assistente virtual que se prepara para se instalar
comodamente nos nossos aparelhos ditos inteligentes.
Caminhamos seguramente para nos tornarmos
um alvo consolidado da Internet das Coisas, fazendo parte dela como elemento
virtual do nosso funcionamento enquanto Homem
das Coisas . Será possível, por isso, imaginar o que vai acontecer em Abril
quando se abrirem as portas, em Braga, ao iDroneExperience: uma explosão de
curiosidade virtual, por um lado e de de experimentação de um serviço autónomo
que trará, com certeza, milhares de entusiastas à cidade. Importa dizer que a
iniciativa pertenceu ao Instituto Politécnico do Cávado e Ave e foi
imediatamente agarrada por Braga quando Barcelos se tornou pequeno para o
impulso que o presidente da instituição universitária pretendeu dar à
iniciativa.
De acordo com o programa noticiado na
edição online do Jornal de Notícias, o
iDroneExperience, em Braga de 22 a 24 de Abril, vai incluir competições do
campeonato mundial de drones, veículos a aéreos não tripulados, reunir
empresas, escolas e startups naquele que será o "mais completo
evento" do género no país.
O espantoso mundo que se abre à sociedade
a partir da multiplicação de interligações homem-máquina e da assuncão da
mobilidade virtual, que poderá ser apreciada, em parte, nesta manifestação,
colide com a verdade nua e crua da ilteracia digital e por isso pode ser uma
oportunidade, para despertar a sociedade para um conjunto de desafios traçados
a pente fino esta semana pela líder da Autoridade Nacional de Comunicações.
Fátima Barros foi forte nas palavras que usou quando comentou o desempenho de
Portugal na “nova tabela relativa à utilização da internet entre os 28
Estados-membros divulgada pela Comissão Europeia”. Na utilização da Internet
estamos em 23º lugar e ao nível das competências digitais não vamos para além
do 21º. É verdade que estamos em 14º na velocidade das redes de fibra ótica,
mas isso não nos livra de enfrentar a verdade: “somos velhos, pobres e
iliterados”.
Os dados da Anacom parecem contradizer,
aparentemente, o índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade em que
baseou a sua análise que idolatra o feito português de alcançar “melhores resultados nas redes de banda larga
que asseguram uma boa cobertura, serviços públicos online avançados e um
desempenho acima da média na digitalização das empresas”. Porém, o progresso
português tem um senão: as competências digitais dos seus cidadãos e o grau de
adesão às atividades online que lhes “permita participar plenamente na economia
e na sociedade digitais”. É aqui que devia entrar o pragmatismo, infelizmente
ausente, de quem planeia a estratégia para a Educação ao longo da vida. Como
repararam pelos dados, temos do melhor em termos tecnológicos, só nos falta
democratizar o acesso e assumir de uma vez por todas que não basta ter boas
infraestruturas se não dermos oportunidade às pessoas para usufruírem do que de
bom as tecnologias trazem para a vida quotidiana. O iDroneExperience é
apenas mais uma manifestação do que será
o futuro Homem das Coisas. ´É expectável que Braga, pretendendo assumir uma
posição de liderança, se lançe mais tarde ou mais cedo na organização de uma
grande feira virada para o que de melhor se faz e produz no domínio digital e
virtual.
Realizações desta natureza deveriam,
igualmente, ser uma oportunidade para discutir a regulação da Internet das
Coisas. Apesar de haver alguma tradição na discussão, a Comissão Europeia , ao
contrário do Senado e do Congresso dos Estados Unidos, está longe de produzir
uma regulação adequada e eficaz quer para
funcionamento da Internet das Coisas, quer para os limites do Homem das
Coisas e por via disso, para a utilização de drones e secretárias virtuais.
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