A Educação é a única arma que nos
torna independentes e nos afirma como capazes. No entanto, nenhum de nós pode
assegurar que todos interpretem este apelo como inteligente e razoável. É na
Educação que reside a solução que pacifica os homens e mulheres, ajuda-os a
construir as bases sólidas da sociedade e os projeta no infinito da inquietude
permanente de querer saber sempre mais e mais.
A realidade que nos circunda está longe de ser um lugar de saber, um
espaço de aprendizagem, uma oportunidade e uma vantagem adicional no crescimento
e desenvolvimento dos povos. Todos sabemos como é difícil responder
positivamente aos desafios da Educação e como continuamente parte da juventude
perde a oportunidade de fazer parte desse mundo permanentemente renovável que é
a aprendizagem para o Conhecimento. Ao ler os últimos dados publicados há uma
semana, sobre os exames nacionais e os resultados concelho a concelho, não
fiquei surpreendido, mas profundamente preocupado porque, à semelhança do que
se passa com a riqueza produzida pelo país, ( já sabíamos que há cada vez mais
pobres e menos classe média), não havia dados que nas nossas escolas, o fosso
que se está a cavar entre os bons e os maus pudesse assemelhar-se um sismo
social que ajuda a apodrecer os alicerces do futuro. Uma análise rápida à
avaliação dos resultados – veja em http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-11-01-Exames-nacionais-o-seu-concelho-tem-bom-ou-mediocre--Ora-veja
- coloca-nos à abrir perante quatro hipóteses caracterizadoras do estado da
Educação em cada um dos 308 concelhos: mau, em risco, sofrível e BOM. Ao ler o
estado da educação, por via dos exames nacionais do 9º e do 12º anos, ficou
claro que o fosso é enorme. Na região onde vivo - Baixo Minho- com 14
concelhos, apenas Braga, Barcelos e Famalicão tem nota de BOM. Guimarães, mesmo
com o seu polo universitário, não é capaz de produzir este tipo de resultados e
fica-se pelo risco no 9ºano e pelo sofrível no 12º ano. O agravamento das
disparidades é assim evidente e tão relevante que se percebe como o país se
arrisca a produzir uma geração atada e confrontada com a necessidade de ser
simultaneamente competitiva e culta, sem armas para o ser de forma convincente.
O Atlas da Educação, como lhe chamaram os investigadores do Centro
Interdisciplinar de Ciências Sociais. Nova., foram mais longe do quer
atualizarem os dados de 2009-2014; quiseram perceber se havia disparidades
entre os concelhos vizinhos e verificaram que sim, pelo que se propõem agora
estudar os motivos porque tal ocorre. O distrito de Braga, a partir do qual
desenvolvi este raciocínio, é paradigmático, dado que concelhos semelhantes
como Famalicão e Guimarães conseguem produzir resultados de tal forma díspares,
que é difícil compreender as raízes do problema. Sendo certo que estamos a
falhar redondamente na forma como nos posicionamos estrategicamente na
Educação, não é tão certo que se possa viver com estes resultados como uma
fatalidade, um destino. Infelizmente, a Rede Territorial Portuguesa das Cidades
Educadoras, vai debater não estes resultados, não as consequências, não os
recursos gastos e o investimento sem retorno , mas sim as ideias de quem pensa
a Educação nas quatro perspetivas com que pretendem relacionar a Educação e as
Cidades: Cidade educadora/adaptada/adaptável/inclusiva/participada/democrática;
o currículo educativo da cidade; a adaptação crítica da cidade e a participação
ativa da cidade. De todos os temas, talvez o que pode fazer alguma coisa para
inverter a situação, seja o último que parece ser o que projeta a
responsabilidade da cidade com os seus cidadãos. É que, para o bem e para o
mal, os resultados que produzirmos hoje, afetarão o futuro comum do
Conhecimento e da Inovação em que tantos apostam, mas poucos conseguem
concretizar.
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