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Não sei se é positivo. Não sei se é uma aventura rodeada de equívocos e também não sei se é um papel ou se é um jornal como refere o Público no seu artigo publicado na edição de hoje. O que sei, é que se Rui Moreira quer honestamente ter uma publicação paga pelo erário público onde, aparentemente, todos podem dar a sua opinião - executivo e oposição - deve assumir o pluralismo, mas, igualmente, a divulgação de assuntos de interesse público, como algo natural, entregando a gestão noticiosa a uma entidade externa que possa desenvolver o trabalho com mais equilíbrio que aquele que denota pelas palavras do seu gestor, Nuno Santos: 22 páginas para o executivo.2 para a oposição.
A Câmara do Porto vai voltar a ter uma
publicação em papel, depois de o executivo de Rui Moreira ter
interrompido a publicação da revista Porto Sempre, criada pelo
anterior presidente da autarquia, Rui Rio. Agora, a câmara oferece um
jornal, com o nome da marca da cidade – Porto. – e que chegará a todas
as caixas de correio portuenses entre quinta e sexta-feira. Das 24
páginas do jornal de cor salmão, duas estão destinadas aos partidos
representados na Assembleia Municipal (AM), incluindo toda a oposição.
Nuno Santos, adjunto do presidente Rui Moreira e
responsável pela comunicação do município, garante que a nova
publicação “não é um auto-elogio da actividade da câmara”, apesar de
expressar “um posicionamento político da câmara perante a cidade”. A
título de exemplo garante que o primeiro número tem apenas uma
fotografia de Rui Moreira e que duas páginas da publicação estão
entregues a crónicas escritas por representantes dos grupos políticos
representados na AM. “Escolhemos a AM para podermos incluir o Bloco de
Esquerda, que não está representado no executivo. No caso do Bloco, o
cronista deste primeiro número será o José Soeiro, as restantes forças
apontaram os líderes das bancadas e foram eles que escreveram.”
Haverá,
por isso, logo na edição de lançamento “algumas crónicas críticas à
actividade do executivo”, mas Nuno Santos garante que este considera
“muito saudável” que assim seja. “Consideramos que o jornal será uma
quebra com o que conhecemos de publicações autárquicas”, diz.
O
jornal será apresentado esta quarta-feira, nos Paços do Concelho, e
deverá estar nas caixas do correio até ao final de semana. São 180 mil
exemplares que, explica Nuno Santos, permite à autarquia “colocar um
jornal em todas as caixas do correio, sejam residenciais ou comerciais”.
O assessor de Rui Moreira diz que esta opção implicou que fosse
necessário escolher “um papel mais barato” e impediu também que o jornal
fosse impresso no modelo broadsheet, já que os custos seriam muito elevados.
Com o modelo actual, a impressão e distribuição do Porto.
ficará por “cerca de cinco mil euros por número”, explica Nuno Santos,
acrescentando que há outros custos associados – de design ou imagem, por
exemplo – que “é difícil quantificar”, já que estão associados a outros
trabalhos prestados à câmara.
O jornal não terá uma periocidade
regular, mas a intenção é que saiam “quatro a seis números por ano”.
Para o primeiro número há, além de notícias, do editorial de Rui Moreira
e das crónicas da AM, “uma grande reportagem sobre um projecto da
cidade”, um artigo do autor da marca Porto., Eduardo Aires, sobre a
evolução gráfica dos antigos jornais da cidade, e uma grande entrevista
ao músico Miguel Guedes que será feita por um jornalista profissional,
exterior à câmara, e que foi convidado expressamente para o efeito – um
modelo para manter, garante o assessor da autarquia, e que arranca com o
Artur Carvalho, da TSF.
Nuno Santos argumenta que o jornal
permitirá chegar a pessoas que não recorrem às plataformas digitais para
ler notícias e procurará colmatar a falta de informação local que
deriva da quase inexistência de jornais locais no Porto – o semanário Porto24
é a excepção. “A informação da cidade sai apenas em jornais diários e
há notícias importantes para as pessoas, como saberem que estão abertas
as inscrições para as piscinas municipais, que não cabem nesses jornais,
mas que nós iremos dar”, diz.
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